Tente pensar em alguém que revolucionou a ciência. Tentou? Podemos apostar que o primeiro nome que você lembrou foi o de um homem. Mendel, Newton, Einstein, Darwin e tantos outros homens foram apresentados para gente como grandes gênios – e eles realmente foram.
Mas, onde estavam as mulheres enquanto esses caras faziam tudo?
Durante séculos, as mulheres foram excluídas das ciências. Incumbidas a cuidar do lar e dos maridos, elas não eram incentivadas a estudar e, na maior parte do tempo, foram até mesmo proibidas de entrar em escolas e universidades.
De acordo com dados da Unesco, os efeitos dessa segregação são sentidos até hoje. Atualmente, as mulheres compõem apenas 30% dos pesquisadores no mundo inteiro.
Para estimular a participação feminina no mundo científico, a ONU destacou o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência. A iniciativa reflete a importância de investir na ciência e na igualdade de gêneros para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Apesar do cenário desfavorável, muitas mulheres conseguiram escrever seu nome na história das Ciências. Vamos conhecer algumas delas?
1- Ada Lovelace
Conhecida como a primeira programadora da história, Augusta Ada Byron King teve uma infância bem difícil. Nascida na Inglaterra em 1815, Ada tinha episódios de enxaqueca que chegavam a afetar sua visão e enfrentou graves sequelas causadas pelo sarampo.
Mesmo nesses momentos de doença, sua mãe sempre forçou para que ela continuasse estudando. A expectativa era que o interesse em Matemática e Lógica pudessem evitar que a garota acabasse louca como seu pai, o excêntrico poeta Lord Byron.
Ada Lovelace foi responsável por elaborar o primeiro algoritmo a ser lido por uma máquina analítica, em 1843. O reconhecimento de Ada, no entanto, só aconteceu anos depois de sua morte, quando o Alan Turing, o pai da computação moderna, citou a cientista como referência em seu trabalho.
2- Márcia Barbosa
Incluída recentemente na lista da ONU de 7 mulheres que moldaram as Ciências, Márcia Barbosa é brasileira e se destacou na Física. Segundo a Forbes, é uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil.
Doutora em Física, Márcia pesquisa as estruturas complexas das moléculas de água. Ela descobriu uma anomalia na substância que pode ajudar a tratar doenças e resolver problemas gerados pela escassez de água potável, um dos grandes desafios da humanidade.
Márcia é diretora da Academia Brasileira de Ciência, membro da Academia Mundial de Ciências e está comprometida em promover a igualdade de gênero em seu meio. Para isso, a professora e pesquisadora vem realizando uma série de conferências e palestras que discutem o lugar da mulher na Física, além de escrever artigos que denunciam a disparidade geográfica e de gênero nas Ciências.
3- Tu Youyou
A primeira cientista asiática de nossa lista é a farmacologista e educadora chinesa Tu Youyou. Aos 85 anos, em 2015, ela recebeu o Nobel de Medicina por sua contribuição na luta contra a malária. Também foi a primeira cidadã da República Popular da China a receber um Nobel e a primeira mulher chinesa a receber o Prêmio Lasker.
Todo esse reconhecimento é bastante merecido. Aliando a tradição à ciência avançada, as pesquisas de Tu Youyou revolucionaram o tratamento de doenças tropicais e salvaram milhares de vidas na Ásia, África e América do Sul.
No começo de sua carreira, Tu desenvolveu pesquisas se baseando na medicina tradicional para o tratamento da esquistossomose. Em 1971, a cientista foi responsável por isolar um fármaco revolucionário no tratamento da malária. Inteligente e corajosa, resistiu em suas pesquisas mesmo quando a Revolução Cultural Chinesa perseguia cientistas por conta da teoria maoista.
4- Kiara Nirghin
Aos 20 anos, a sul-africana Kiara Nirghin é uma inspiração para jovens mulheres e meninas que sonham conquistar seu lugar na ciência. Ela ficou conhecida mundialmente por ganhar o Google Science Fair em 2016.
A África do Sul passava por uma das maiores secas de sua história recente quando a jovem cientista e inventora começou a trabalhar em seu projeto “No more thirsty crops” – em português, algo como “Chega de colheitas com sede”. Observando as barragens que logo perdiam toda a sua água, Kiara resolveu buscar uma solução para que esse importante recurso não evaporasse, literalmente.
A partir de cascas de laranja e abacate, Kiara criou um polímero super absorvente, capaz de reter mais 100 vezes sua própria massa, conservando água para manter as plantações saudáveis em períodos de estiagem. A invenção revolucionária tem baixo custo e baixo impacto ambiental, por ser biodegradável. Hoje, Kiara estuda em Stanford, uma das instituições mais prestigiadas do mundo.
5- Katherine Johnson
Katherine Johnson foi o que costumamos chamar de “criança prodígio”. Aos 10 anos, já estava no ensino médio. Além da questão de gênero, Katherine enfrentou também o preconceito racial. Sua família chegou a se mudar para que ela continuasse estudando – já que sua cidade natal vivia um esquema de segregação no qual ela só poderia estudar até a sexta série.
Parte da carreira de Katherine Johnson é contada através do filme Estrelas Além do Tempo, que narra sua história e de outras duas cientistas negras, Mary Jackson e Dorothy Vaughan, na Nasa. Inclusive, o filme é uma ótima pedida para quem quiser saber mais sobre a luta dessas pioneiras!
Katherine ganhou notoriedade no meio científico por suas contribuições para a aeronáutica e exploração espacial estadunidense. Matemática, física e cientista espacial, ela foi responsável pelos cálculos que levaram um homem a orbitar à Terra pela primeira vez, em 1962. Seu legado na Nasa ampliou fronteiras, seja pela inovação tecnológica que ela desenvolveu ou por abrir portas para que mais mulheres e pessoas negras pudessem entrar em uma agência tão importante.
6- Marie Curie
Se ganhar um prêmio Nobel é uma honra para poucos, imagine ganhar dois! Pois bem, a polonesa Marie Curie conseguiu a façanha e conquistou um Nobel de Química, pela descoberta dos elementos Rádio e Polônio, e um Nobel de Física, por sua investigação sobre radiação.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a cientista viajou o mundo pesquisando sobre o uso de radiografia no tratamento de soldados feridos. Nessa época, os perigos da radiação ainda eram ignorados e Marie carregava elementos radioativos em seus bolsos. Aos 66 anos de idade, ela morreu vítima de uma leucemia causada pela exposição intensa à radiação.
A genialidade de Marie Curie só foi eclipsada por escândalos midiáticos que tentavam destruir sua imagem pública. A vida pessoal da cientista foi pauta de uma campanha difamatória na imprensa francesa, em um clássico caso de perseguição que servia aos interesses machistas de manter Curie afastada de academias e importantes centros de pesquisa. Mas, nem adiantou. Diferente de outras cientistas dessa lista, Curie alcançou a aclamação em vida.
7- Mileva Máric
A húngara Mileva Máric foi a segunda mulher a concluir os estudos no Departamento de Matemática e Física do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. Foi no Instituto que ela conheceu Albert Einstein, com quem se casou e teve três filhos.
Na época do casamento, o que se esperava da mulher era que ela cuidasse do lar e dos filhos. Mileva, no entanto, chocou a família do marido ao continuar se dedicando aos estudos. Um dos filhos do casal e historiadores alegam que ela foi co-autora da Teoria da Relatividade, pesquisa que rendeu um Nobel de Física a Einstein logo após o divórcio do casal.
Cartas e outros documentos provam que a colaboração entre Mileva Máric e Albert Einstein era constante, sendo ela apontada como mais hábil que marido nos cálculos. O preconceito comum a tantas mulheres de sua época contribuiu para seu apagamento no primeiro escalão da ciência mundial.
8- Lucélia Magalhães
Apesar de não ser famosa como suas companheiras de lista, a médica cardiologista Lucélia Magalhães pode ser a cientista mais importante desse texto, viu?! Ela está aqui representando todas as mulheres pesquisadoras que se dedicam à Ciência em toda a Rede UniFTC.
Lucélia é responsável pela Vascor, projeto de pesquisa reconhecido internacionalmente que investiga as doenças vasculares. Ela também é coordenadora do curso de Medicina da Unesulbahia, faculdade da Rede UniFTC, professora titular de Clínica Médica do curso de Medicina da UniFTC Paralela e faz parte do Programa Institucional de Iniciação Científica da Coordenação de Pesquisa, Extensão e Iniciação Científica da Rede UniFTC.
Venha ver o artigo que ela escreveu sobre o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências para a Coluna Carreiras UniFTC: Carreiras UniFTC: Os desafios das Mulheres na Ciência .
Fonte UniFTC