Temer decide ida de Dyogo Oliveira para a presidência do BNDES e busca solução para Minas e Energia

Em meio aos desdobramentos da operação Skala, que levou à prisão pessoas de seu convívio pessoal, o presidente Michel Temer reuniu-se ontem com o ministro-chefe da Secretaria Geral, Wellington Moreira Franco, e com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), para discutir a reforma ministerial e decidiu pela ida de Dyogo Oliveira, atualmente no Ministério do Planejamento, para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O ministro resistiu à troca. Mas deverá sacramentar a mudança numa reunião mais ampla que Temer pretende fazer neste domingo para fechar a reforma ministerial.

Temer quer que Dyogo vá para o banco com o objetivo de pacificar seu funcionamento. Com operações investigadas pela Polícia Federal, como os empréstimos para o grupo JBS, a instituição amarga uma profunda divisão em seu corpo técnico. A atual gestão do economista Paulo Rabello de Castro, marcada por uma linha de corte desenvolvimentista, também provocou polêmica no meio técnico. Para críticos, porém, Dyogo pode ter sido enviado ao banco com a missão de abrir o cofre neste ano eleitoral.

O ministro não queria deixar o posto, preocupado com a continuidade dos trabalhos de sua pasta. Como um “plano B”, pediu para ser substituído por seu atual secretário executivo, Esteves Colnago, o que deve ser atendido. Dessa forma, os trabalhos não serão interrompidos. Na última segunda-feira, Meirelles havia indicado o secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida para o Ministério do Planejamento. A indicação não foi bem recebida pela área técnica, justamente por causa do risco de interrupção dos trabalhos.

A substituição pelo secretário executivo é uma solução igual à adotada no Ministério da Fazenda, onde o atual ministro, Henrique Meirelles, será substituído pelo número dois, Eduardo Guardia. Outro ponto delicado a ser definido é o comando da pasta de Minas e Energia. Nos bastidores comenta-se que um dos cotados para o posto é o ex-diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos. Este, porém, garantiu ontem ao Estado que não foi procurado por integrantes do governo.

O risco da escolha de um ministro que coloque em risco as políticas da pasta, principalmente a privatização da Eletrobrás, tem colocado a área técnica do ministério em posição de guarda. Há risco de uma debandada, o que deixaria ainda mais remotas as chances de a operação ocorrer este ano.

Um dos principais articuladores da privatização, o secretário-executivo da pasta, Paulo Pedrosa, tem dito a amigos que pretende deixar o cargo se o novo ministro for alguém que trabalhe contra a privatização. Ele próprio é cotado para o posto. Porém, com poucas chances, já que a escolha do novo ministro passa por arranjos regionais do MDB.

Pela mesma razão, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr., ameaça deixar o cargo. Uma fonte do governo disse que essa baixa traria grandes prejuízos, uma vez que o executivo tem segurado “no braço” os fortes ajustes que vêm sendo realizados na estatal com o objetivo de prepará-la para a privatização. Foi sob o comando dele que a estatal cortou cargos em comissão e colocou em andamento um programa de demissões voluntárias.

Segundo fontes palacianas, o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, deverá continuar no posto. Senador pelo PSDB de São Paulo, ele chegou a anunciar, em fevereiro, que sairia do governo para concorrer à reeleição. Essa decisão, porém, foi colocada em reexame nas últimas semanas. Segundo pessoas próximas, ele ainda não se decidiu. Depende de mais conversas no campo da política paulista para bater o martelo.

Ontem pela manhã, Temer fechou a sucessão no Ministério da Saúde. O posto hoje ocupado pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR) ficará com o atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Para a presidência do banco irá o atual vice-presidente de Habitação, Nelson Antônio de Souza. A posse de Occhi já está marcada para as 10h30 da segunda-feira.

Na última sexta-feira, foi oficializada a saída de Maurício Quintella do Ministério dos Transportes. O ex-ministro é deputado pelo PR de Alagoas e concorrerá nas próximas eleições a uma vaga no Senado. Será substituído pelo atual diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Valter Casimiro.

A reforma ministerial precisa ser fechada esta semana. O prazo limite para desincompatibilização dos ministros que sairão candidatos é 7 de abril.

fonte Adriana Fernandes, Lu Aiko Otta e Lígia Formenti

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