Ao longo do mês de abril, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) está promovendo uma Campanha de Conscientização sobre a Doença de Parkinson. O objetivo da ação é difundir orientações e esclarecimentos sobre a condição para pacientes, familiares e demais interessados. Doença neurológica, crônica e progressiva, o Parkinson afeta as células cerebrais produtoras de dopamina, e tem causa ainda não totalmente conhecida.
De acordo com a neurologista, Dra. Roberta Kauark, os pacientes com parkinson apresentam sintomas motores, como tremores, rigidez, lentidão, mas também sintomas não motores, como alterações no humor, alterações urinárias, no intestino e no sono. “Apesar de não existir tratamento definitivo e curativo para a condição, existem várias formas de tratamento que oferecem uma boa qualidade de vida ao paciente”, explica.
Novo medicamento tem resultados promissores
Um novo tratamento mostrou-se promissor nos primeiros ensaios clínicos realizados em pessoas com parkinson. O medicamento em questão é o UB-312, produzido pela empresa de biotecnologia norte-americana Vaxxinity. Nos testes, o medicamento conseguiu reduzir os aglomerados tóxicos de alfa-sinucleína (aSyn), proteína considerada responsável pela doença, no líquido cefalorraquidiano (LCR, na sigla em inglês) de pacientes.
Conforme os dados divulgados, os pacientes tratados com UB-312 no grupo de dosagem de 300/100/100 µg mostraram uma diminuição de 20% em relação à linha de base no agregado de aSyn no LCR em comparação com um aumento de 3% no grupo placebo. Além disso, estas pessoas apresentaram melhora nas atividades diárias.
Apesar disso, os resultados ainda não foram publicados e nem revisados por pares, mas pode representar um avanço importante. “O medicamento pode representar uma mudança em torno do tratamento e prevenção do Parkinson”, aponta a neurologista.
Atividade física reduz risco de mulheres desenvolverem Parkinson em 25%
Um estudo recente, divulgado na revista científica Neurology, mostrou que a atividade física regular pode reduzir o risco de as mulheres desenvolverem a doença de Parkinson em até 25%. Conduzido por pesquisadores franceses da Universidade Paris-Saclay, o estudo indicou que o risco de desenvolver Parkinson diminui à medida que aumenta o nível de atividade física. Com isso, mulheres que praticavam mais exercícios, tanto em termos de tempo quanto de intensidade, apresentaram um risco 25% menor em comparação àquelas que se exercitavam pouco.
Conforme a Dra. Roberta Kauark, a prática de exercícios deve ocorrer de quatro a cinco vezes por semana por, pelo menos, 40 minutos, e vários tipos parecem ser benéficos, como dança, esteira, hidroterapia e bicicleta.
Ao todo, a pesquisa acompanhou 95.354 voluntárias ao longo de três décadas e mostrou que nenhuma das participantes tinha a doença no início do acompanhamento. Para Dra. Roberta, o estudo é interessante porque analisa exclusivamente mulheres, que em geral são menos afetadas pelo Parkinson.
“Apesar de não haver cura para a doença, é possível manter os sintomas do Parkinson sob controle com o uso de medicamentos e, em alguns casos, os pacientes podem se beneficiar da estimulação cerebral profunda”, ressalta a especialista.