Prefeitura de Vitória da Conquista entrega certificado a turma de 170 pessoas de curso de Libras

Após dois anos com cursos suspensos devido à pandemia, a Central de Interpretação de Libras (CIL), da Secretaria Municipal de Educação (Smed) certificou 170 pessoas da comunidade que participaram do curso básico de Língua Brasileira de Sinais (Libras). A solenidade, foi  realizada , no auditório da Rede de Atenção e Defesa à Criança e ao Adolescente, teve a presença da prefeita Sheila Lemos, que fez a entrega do primeiro certificado.

“O nosso slogan de governo é Governo para Pessoas, mas eu tenho certeza que só será realmente um governo para pessoas quando todos estiverem integrados nesse governo: os surdos, os mudos, os cegos, os deficientes físicos. A sociedade é feita por várias pessoas, e a gente só vai conseguir ter uma sociedade justa quando a gente conseguir ter todas essas pessoas atendidas. Mais e mais terei a responsabilidade e o compromisso de fazer essa integração entre todas as pessoas do nosso município”, garantiu Sheila Lemos.

O secretário municipal de Educação, Edgard Larry, ressaltou que o trabalho desenvolvido pela CIL faz parte da política municipal em defesa da inclusão. “É um trabalho permanente, já vem há algum tempo sendo desenvolvido em todo o governo municipal, inclusive na área educacional. É muito importante destacar que ações dessa natureza fazem a diferença lá fora, lá na comunidade. Elas fazem a diferença porque estão oportunizando pessoas que precisam de uma orientação ou de um conhecimento específico para a área, e o caso de Libras é a prova disso”, afirmou.

Líder do governo na Câmara, o vereador Nildo Freitas foi um dos alunos do curso básico de Libras e recebeu o seu certificado junto com os demais alunos. Segundo ele, foi a dificuldade em se comunicar com pessoas surdas no dia a dia que o motivou a abraçar a iniciativa da Prefeitura. “Poder aprender algo que venha a facilitar essa comunicação, e a gente poder interagir também com essa comunidade. Então, pra mim foi bastante gratificante, acredito que pra toda a turma, pra todos que participaram”, disse.

Representando a Associação de Surdos de Vitória da Conquista, também participaram da mesa solene a diretora social e cultural, Eslane Mendes; e a professora Nádia Correia.

De acordo com a gerente da CIL, Jaqueline França, os cursos oferecidos não se limitam ao ensino da linguagem. “Além da língua, a gente ensina a cultura, a identidade do surdo. Então, é importante que esses alunos tenham contato também com o público surdo, e o nosso curso permite isso, os cursistas terem contato com o público surdo”, disse. “A gente vai eliminando as barreiras. Uma coisa que é muito interessante nos cursos é que as pessoas tem aquele lado de empatia, de a gente se colocar no lugar do outro, porque os surdos, apesar de serem minoria linguística, eles estão em todos os espaços”, completou ela.

Rompendo barreiras
A primeira aluna a receber o certificado simbólico, diretamente das mãos da prefeita Sheila Lemos, foi Gislaine dos Santos Ferraz. A estudante de Educação Física já tinha interesse em aprender Libras e isso se intensificou depois que ela começou a trabalhar no sistema de transporte público municipal. “Comecei a pesquisar como cumprimentava eles, como que agradecia, como falava e se comunicava. E surgiu o curso que a Prefeitura disponibilizou e falei: ‘O momento é agora’”, contou.

Para ela, a experiência foi muito gratificante. “É necessário para todos nós. Assim como a gente entra numa escola e é alfabetizado, e a gente cresce ali e aprende tudo, a Linguagem de Sinais deveria ser algo obrigatório. Porque eles [os surdos] às vezes têm dificuldade, têm receio de entrar em alguns ambientes, se comunicar, as pessoas não vão entender, então isso é ruim. Esse curso que surgiu abrangeu uma porta pra mostrar que é necessário”, avaliou.

Assim como Gislaine, a vendedora Daniele Pereira Lacerda também foi motivada a aprender Libras após lidar com a dificuldade de comunicação com pessoas surdas no comércio. “O conhecimento agrega muito, quebra aquelas barreiras de pensar que só pessoas surdas precisam de Libras”, destacou. Para ela, o curso significou uma mudança de perspectivas: “Isso fez com que a gente tivesse contato com os surdos e a gente soubesse se comunicar com eles, e no contexto geral a gente mudasse a nossa visão sobre tudo, sobre as pessoas, sobre o acesso à educação da pessoa surda.”

Gislaine e Daniele